15 de maio de 2009

Quanto mais puro, melhor!



Os encontros de sambistas, que aconteciam antigamente, eram sempre bem servidos de boa música, boa comida e muita cana.

Hoje em dia, em alguns terreiros de samba, essa tradição é mantida. Digo em alguns pelo seguinte: existem muitas pessoas envolvidas com o samba, que querem tirar do samba e do sambista o que existe de mais bonito, a NATURALIDADE.

Certa vez, em conversa com um sambista, regada a algumas geladas, falamos sobre várias coisas relacionadas ao mundo do samba. E ele me disse que o samba e o sambista estão perdendo a ESPONTANEIDADE. Isso me chamou atenção e comecei a observar algumas coisas no mundo do samba.

Notei que hoje em dia não existe mais aquela coisa natural que havia nos tempos atrás. Tempos em que os sambistas reuniam-se para biritar e naturalmente, formava-se uma roda de samba totalmente informal e descontraída. Não que, por ser uma coisa informal, não houvesse compromisso com o samba.

Muitos que se envolvem com o samba acabam explorando sua riqueza com o único objetivo de auto-promoção. É o caso do “fulano” que aprende um samba que quase ninguém conhece e fica se achando o pesquisador, do “beltrano” que toca bem um instrumento e se acha o maestro do samba e do “sicrano” que pensa ter inteligência acima da média e se acha o Paulo da Portela.

Essas figuras que circulam pelo meio do samba, são figuras passageiras, que não se importam verdadeiramente com o samba, e sim com sua própria imagem. São aqueles crêem serem “doutores em samba” e que acabam passando a imagem de bons rapazes.

O samba está perdendo muito com isso, pois já não se vê mais o samba na tendinha, os sambistas descontraídos podendo cantar, beber, jogar conversa fora, sem ter que preocupar se está agradando, ou não o dono do bar e seus clientes.

Fico muito REVOLTADO com esses donos de bares/casas noturnas, que se sentem os donos do samba e se acham no direito de mandar e desmandar, como se o estabelecimento dele fosse o templo do samba e do sambista.

E muito pior é o sambista que se submete às vontades desses donos de bares e casas noturnas. Este sim, faz parte do tipo DETESTÁVEL. Óbvio que não estou me referindo aos que sobrevivem da música, e sim aos que se entitulam preservadores de uma cultura e se submetem a várias situações, pois estão preocupados com sua reputação política dentro desse meio. E mais uma vez o samba fica em segundo plano, pois o cara está mais preocupado em agradar aos demais, do que com o próprio samba, independente das asneiras que esteja cometendo. Sendo totalmente contraditório com seus ideais.

Se liga, tô de olho em vocês!

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