23 de janeiro de 2009

Samba é coisa séria!

Fico impressionada ao constatar como o número de pessoas que se auto-denominam ‘sambistas’ amantes do samba, apreciadores, simpatizantes etc aumenta progressivamente a cada dia que passa.

Na mesma proporção em que o samba vem se difundindo e finalmente caindo no gosto popular, inúmeras formações, grupos, bandas e projetos surgem levantando a bandeira do samba, sua preservação e adoração. E nesta corrente, também devo dizer que estamos incluídos.

O meu temor que parece, infelizmente, a cada dia mais tornar-se realidade, é que muitos destes, sejam os apreciadores, tocadores etc, esquecem-se da importância e do peso que é carregar a bandeira do samba.

Há os que achem que o samba resume-se a um gênero musical. Estes, eu posso afirmar que estão anos-luz de compreender o que é fazer, viver, comer e respirar o samba. Mas em razão de tal desconhecimento ou até mesmo opção pessoal, não podem nem merecem ser condenados.

Prefiro ater-me aos que parecem ter chegado perto de tal conhecimento. Digo isto, pois estes são aqueles que verdadeiramente tornam-se responsáveis pela imagem e compreensão do samba. No entanto, preferem desperdiçar tal oportunidade – seria desperdiçar ou quiçá enxovalhar o samba e aqueles que fazem um trabalho sério? – motivados por razões pessoais, vaidade, competição e tantos outros sentimentos mesquinhos que não o amor ao samba.

Saber viver o samba não é sentar na roda, cantar e tocar os sambas dos grandes mestres, levantar, ir para casa, dormir e acordar no dia seguinte para trabalhar. E ainda assim acreditar que desta forma estão fazendo grande contribuição.

Menos ainda, é preocupar-se e perder tempo com rivalidades, intrigas e disputas pessoais. Quem somos nós diante do samba? Qual é o papel de qualquer projeto, sambista e amante do samba diante da grandiosidade dos mestres e suas obras? E pior, por que razão haveríamos de achar que comparações e rixas são realmente relevantes e fazem alguma diferença para a nossa cultura popular?

A realidade é que nem sempre as pessoas têm consciência de que somos meros “instrumentos”, representantes de um movimento social, cultural e ideológico, reitere-se, que não foi por nenhum de nós iniciado. No máximo, poderá ser por um de nós difundido e mantido. E é aí que entra a tal responsabilidade que mencionei no início.

Aqueles que optam por desempenhar esse papel devem estar cientes de que o prazer e o deleite de mergulhar em obras como as de João da Baiana, Silas de Oliveira, Manacéa, Chico Santana, Paulo da Portela, dentre tantos outros, traz o dever diretamente proporcional de honrar e louvar aqueles que realmente fizeram alguma coisa pelo samba.

Lembrem-se do Mestre Candeia, que já dizia: “pra cantar samba, se precisa muito mais’’.

3 comentários:

  1. Olá!!, eu gostaria de saber quem está postanto isso com o nome da "Tia Ciata"???.
    Palavras muito bonitas na lógica, mas na realidades das rodas de sambas de SP, isso está longe de acontecer, pura hipocrisia!!!
    Cada samba q eu conheço, cada morro q eu subo, mas eu vejo, que esse texto muito bonito, por sinal está totalmente fora dos padrões.

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  2. Olá, Renato.
    Pode me chamar de idealista, se quiser. Concordo que está fora dos padrões em SP. Mas te garanto que é esta a nossa proposta...vejo que está longe de se concretizar porque muitos, infelizmente, não pensam desta forma. Sabe a história de Dom Quixote, lutando contra os moinhos de vento? É mais ou menos assim, porém, não devemos desistir.
    Se quiser, manda uma msg com o seu email que eu não publico e conversamos melhor.

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  3. como disse Nietzsche"Sou idealista e se for
    expulso do céu, faço do inferno meu ideal."

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